A comunicação total surgiu como uma alternativa ao modelo oralista, representando uma mudança paradigmática na educação e no tratamento de indivíduos com surdez. Tradicionalmente, o modelo oralista priorizava o desenvolvimento da linguagem oral e a integração destes indivíduos na sociedade ouvinte, muitas vezes negligenciando outras formas de comunicação. O surgimento da comunicação total, por sua vez, enfatiza a importância de utilizar todos os meios possíveis para promover a comunicação eficaz, respeitando a diversidade linguística e as necessidades individuais. Este artigo explora os fundamentos teóricos, as aplicações práticas e a relevância da comunicação total como uma abordagem abrangente e inclusiva.

Compreensão Abrangente da Comunicação

A comunicação total transcende a limitação imposta pela ênfase exclusiva na oralidade, buscando uma abordagem mais holística. Reconhece-se que a comunicação humana é multimodal e que diferentes indivíduos podem beneficiar-se de diferentes canais de expressão e compreensão. A comunicação total integra a língua de sinais, a leitura labial, a escrita, gestos, expressões faciais e outras formas de comunicação, adaptando-se às necessidades específicas de cada indivíduo. Esta flexibilidade garante maior acessibilidade à informação e oportunidades de interação social, promovendo o desenvolvimento cognitivo e emocional.

Fundamentos Teóricos

A comunicação total se baseia em princípios da linguística que reconhecem a validade e a complexidade das línguas de sinais como línguas naturais, com gramática e vocabulário próprios. No campo da educação, a comunicação total alinha-se com as teorias da aprendizagem que enfatizam a importância de atender às necessidades individuais e de promover a inclusão de todos os alunos. Do ponto de vista da inclusão social, a comunicação total busca eliminar as barreiras comunicacionais que podem marginalizar os indivíduos surdos, permitindo que participem plenamente da sociedade.

Aplicações Práticas

A comunicação total é amplamente utilizada em escolas e clínicas especializadas no atendimento a indivíduos surdos. Nas escolas, os professores utilizam uma variedade de recursos visuais e gestuais para facilitar o aprendizado. Nas clínicas, os terapeutas trabalham com os indivíduos para desenvolver suas habilidades comunicativas em diversas modalidades. Além disso, a comunicação total é fundamental para promover a acessibilidade em comunidades, através da disponibilização de intérpretes de língua de sinais em eventos públicos e serviços governamentais.

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Impacto na Autonomia e na Qualidade de Vida

Ao fornecer aos indivíduos surdos as ferramentas comunicacionais necessárias para expressarem seus pensamentos, sentimentos e necessidades, a comunicação total contribui significativamente para o aumento da autonomia e da autoestima. A capacidade de comunicar-se eficazmente permite que os indivíduos participem ativamente em suas comunidades, construam relacionamentos significativos e persigam seus objetivos pessoais e profissionais. Este empoderamento resulta em uma melhor qualidade de vida e em uma maior integração social.

A principal crítica ao modelo oralista reside na sua ênfase exclusiva no desenvolvimento da linguagem oral, muitas vezes em detrimento de outras formas de comunicação igualmente válidas e acessíveis aos indivíduos surdos. Essa abordagem pode levar à exclusão, à frustração e ao isolamento, especialmente para aqueles que têm dificuldades em adquirir a oralidade.

A comunicação bimodal geralmente se refere ao uso simultâneo da fala e de sinais da língua de sinais em sua estrutura gramatical. A comunicação total, por outro lado, é mais abrangente, incorporando todos os meios possíveis de comunicação, incluindo a língua de sinais em sua forma natural, gestos, leitura labial, escrita e outros recursos visuais.

Um dos principais desafios é a necessidade de treinamento adequado dos profissionais da educação na língua de sinais e em outras estratégias de comunicação. Além disso, é fundamental garantir o acesso a recursos e materiais didáticos apropriados, bem como promover a conscientização e a aceitação da diversidade linguística e cultural na escola.

A família desempenha um papel fundamental no sucesso da comunicação total, aprendendo a língua de sinais, utilizando outras formas de comunicação visual e incentivando a interação com a comunidade surda. O apoio e o envolvimento da família são essenciais para criar um ambiente comunicacional rico e estimulante.

Embora seja frequentemente associada a crianças surdas, a comunicação total pode ser benéfica para indivíduos de todas as idades que apresentam dificuldades de comunicação, incluindo aqueles com deficiências múltiplas, transtornos do espectro autista ou afasia.

Não. A comunicação total é uma abordagem flexível e individualizada. O método ideal varia de acordo com as necessidades, habilidades e preferências de cada indivíduo. É fundamental que os profissionais e as famílias trabalhem em conjunto para determinar a melhor estratégia comunicacional para cada caso.

Em suma, a comunicação total representa um avanço significativo na busca por uma abordagem mais inclusiva e eficaz na educação e no tratamento de indivíduos com surdez. Ao valorizar a diversidade linguística e ao reconhecer a importância de utilizar todos os meios possíveis para promover a comunicação, a comunicação total contribui para o empoderamento, a autonomia e a qualidade de vida desses indivíduos. Estudos futuros podem explorar a eficácia de diferentes abordagens da comunicação total em diferentes contextos, bem como investigar o impacto da comunicação total no desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos indivíduos surdos.